quinta-feira, 27 de maio de 2010

Crítica ao filme "O Fiel Jardineiro"



Sinopse

 

A história acompanha a vida de Justin e Tessa Quayle, o primeiro um diplomata em missão em África e a segunda, sua mulher, uma activista feroz dos direitos humanos. Depois de um início em que as personalidades das personagens principais ficam bem vincadas (irreverente e feroz, ela e pacificador, ele) nasce um amor, de um desejo físico. Com o avançar da carreira de Justin, Tessa pede-lhe para o acompanhar até África.
Em África, nos momentos livres, Justin procura o seu refúgio no jardim (daí o título do filme), enquanto Tessa se envolve em movimentos de defesa dos direitos humanos, contra grandes corporações estrangeiras. Sempre acompanhado de um médico, Justin começa a sentir ciúmes, não tendo nunca a coragem de enfrentar nínguem ou confrontar factos. Até que Tessa é encontrada assassinada...
História com conotações políticas óbvias, Meirelles continua a mostrar o seu sentido de justiça na defesa dos mais vulneráveis (em "Cidade de Deus" os habitantes das favelas e em àfrica a sua população à mercê de interesses comerciais estrangeiros). O filme desliza por vários estilos, como thriller político, acção, guerra mas o ponto central mantêm-se sempre. O amor.
De um amor rotineiro e previsível durante a vida de Tessa, surge um amor total profundo aquando do seu final. É como se a viagem de busca de Justin o fizesse encontrar o que tinha como adquirido.
E o amor nunca deve ser dado como adquirido mas como algo a procurar, sempre.

 

Comentário Pessoal

 

Quem viu o filme "O Fiel Jardineiro" apercebe-se de uma subjacente crítica à ainda muito forte presença inglesa em África e à forma como o povo africano é tratado pelas empresas farmacêuticas e visto pelo resto do mundo.
Quanto à presença inglesa, o filme dá a ideia de que os ingleses mandam naqueles países, embora não se misturem com a raça. As empresas farmacêuticas até podem ter bons propósitos, mas seguem a visão que o mundo tem de África: uma boca a menos, menos um com fome. Parece radical? No entanto, desencantem-se os mais crédulos: o mundo não precisa do povo africano, só precisa de uma África pobre, mas, de preferência, quase vazia, o que implica menos responsabilidades.
O filme choca nesse ponto: a insensibilidade do mundo perante aquela situação. Embora o filme fale de um amor nem sempre evidente e, por vezes, frágil, não deixa de lado a crítica, muito dura, à forma como África funciona.
Este é um assunto muito delicado. É um assunto que deve ser discutido com urgência e não apenas superficialmente, como tem sido, e todos sabemos porquê. Não está em causa a pobreza - isso não é o mais importante. É preciso abrir os olhos à instabilidade social em África, em parte devido à pressão conveniente dos países ricos para permanecerem as tribos selvagens e problemas que afectam as populações directamente: falta de alfabetização, falta de saneamento, falta de infraestruturas com qualidade e higiene mínima, etc.
E agora?

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