quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Reflexão sobre o filme "Nell"

Nas Montanhas Azuis da Carolina do Norte, uma das poucas paisagens inalteradas pelo Homem, habitam diferentes espécies. Este habitat é também o de Nell, uma jovem que foi criada à margem da sociedade e que, durante a infância e a maior parte da adolescência, apenas conviveu com a irmã gémea e a mãe. A sua mãe, paralisada devido a uma trombose, engravidou após sofrer uma violação.
O filme começa quando a mãe de Nell morre e o médico local, Dr. Lovell, é enviado para certificar a morte. Ao descobrir a sua existência, Jerry rapidamente se apercebe que Nell não se comporta como uma jovem comum da sua idade, falando até uma linguagem própria e quase indecifrável. Fascinado pela singularidade da rapariga, o médico decide pedir ajuda a uma psicóloga, a Dra.Paula Olsen, para o auxiliar no diagnóstico. Mas esta decisão virá mais tarde a revelar-se problemática pois as soluções que ambos apresentam para o futuro da rapariga são antagónicas.
Paula acaba por recorrer à Justiça, com o intuito de a enclausurar numa instituição para aí investigar o seu comportamento.
Jerry, que ganhou de imediato uma grande empatia com Nell, não concorda, preferindo mantê-la no seu habitat natural junto daquilo com que sempre contactou.
O juiz acaba por decidir a favor de Jerry e concede um prazo de três meses para os psicólogos compreenderem e recolherem informação sobre a “mulher-selvagem”. Assim, ele e Paula mudam-se para o local onde ela vive.
Pouco a pouco, começam a comunicar com Nell e estabelecem-se vínculos de confiança, iniciando-se uma nova etapa marcada pela possibilidade da educação. No entanto, não é só Nell que vai ser educada. A relação educativa vai exercer-se nos dois sentidos.
Experimentados e cultos, médico e psicóloga começam a conhecer-se melhor a si mesmos e vão aproximando as suas metodologias. Juntos decifram a linguagem de Nell e reconstroem a sua trágica vida.
Ela começa a vê-los como seus pais.
Enquanto a estudam, Nell estuda os médicos a um nível mais intuitivo. Uma curandeira no seu próprio estilo, Nell consegue aliviar a dor do médico e da psicóloga.
Os médicos vêem-se obrigados a retirar Nell do seu habitat, quando os meios de comunicação se interessam pelo caso e violam a privacidade da rapariga.
Uma vez no hospital, o comportamento de Nell altera-se de tal modo que Jerry decide raptá-la da instituição.
O caso acabará em tribunal onde Nell toma a palavra. Afinal, é ela que, com os seus argumentos, acaba por decidir o seu próprio futuro.


Nell foi educada pelo médico e pela psicóloga e, de modo inverso, também os educou a eles.
O filme mostra que Jerry e Paula aprenderam que os pontos de vista de Nell, apesar de diferentes e estranhos, também poderiam ser úteis para a sua vida. Paula acaba mesmo por abandonar a ideia de a colocar numa instituição, a favor da defesa do estilo de vida que Nell pretende levar.
Conclui-se, então, que Nell não é anormal, mas sim um ser humano que se afasta muito dos padrões de vida regulares. Este filme dá uma lição a todos aqueles que tomam o diferente como anormal e que discriminam a diferença e a minoria.
É importante que todos nos tornemos mais atentos às diferenças, mais dispostos a escutá-las e a percebê-las pois a especificidade de cada um deve ser valorizada. Só assim é que se consegue promover um mundo mais justo, mais integrador e mais rico. Além disso, o seu mundo também é o nosso mundo e, como tal, não devem ser excluídas mas sim compreendidas.


Como diz Nell, as pessoas deviam olhar-se olhos nos olhos. E aceitar-se nas suas diferenças.

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